Profetas


“A profecia e o movimento profético ocupam lugar central em qualquer estudo da Sagrada Escritura”, afirma o biblista Anthony R. Ceresko, em sua análise acerca dos profetas. John Bright, por sua vez, falando acerca de Miquéias e Isaías, anuncia que “... tais profetas foram certamente de maior significação histórica do que alguns reis de Judá” Desde o início, fica assentada a importância do lugar dos profetas no estudo das Sagradas Escrituras.

São considerados proféticos não somente os textos assim chamados pela divisão cristã das Escrituras, mas também aqueles assim considerados pelo cânon judaico, que divide em duas partes a seção dos profetas: Profetas Anteriores, que compreendem os livros de Josué, Juízes, I e II Samuel e I e II Reis e Profetas Posteriores, que compreendem os livros posteriores aos Livros Sapienciais na divisão cristã das Escrituras – Isaías, Jeremias (Lamentações de Baruc), Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Na linguagem popular, adverte Ceresko, o termo profeta acabou por ser confundido com ‘vidente’, ‘aquele que conhece o futuro’, ‘que faz predições’. Da mesma forma, ressalta o biblista Airton José da Silva, existe uma grande associação na mentalidade comum entre o termo ‘profeta’ e ‘aquele que prediz o futuro’ e isso devido, sobretudo, à influência da cultura grega sobre o Ocidente, em que a etimologia deste substantivo é ‘profetês’, formado pelo prefixo pro associado ao verbo fêmi, que quer dizer ‘falar’. Das várias traduções possíveis, três devem ser destacadas, sendo que uma delas é a mais comumente aceita pelo senso comum: a) O profeta seria aquele que possui poderes de predizer um acontecimento futuro; b) O profeta seria aquele que manifesta coisas ocultas, imagem que está muito ligada à primeira noção; c) Como alternativa etimológica, o termo poderia significar aquele que pro-clama uma mensagem em nome de outra pessoa - uma vez que o termo em latim seria pro-clamare.

A melhor indicação para uma compreensão adequada do termo provém, no entanto, da análise da palavra em sua etimologia hebraica, qual seja, nâbhî, que significa ‘aquele que anuncia ou aquele que proclama a mensagem de outrem’. ou ainda ‘chamado, encarregado’, implicando a situação oficial da pessoa que traz o título de porta-voz escolhido por Deus para apresentar sua vontade em Seu nome. Sendo assim, o profeta seria um ‘mensageiro de Javé’.

Essa definição pode ser ratificada a partir do testemunho vocacional de Isaías, de Jeremias e ainda de Ezequiel. Vejamos:

“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Disse, pois, ele: Vai, e dizes a este povo...” Isaías 6:8-9a

“Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, dirás”. Jeremias 1:7

“E disse-me ele: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel (...). Eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus (...). Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir (...)”. Ezequiel 2.3a, 4b, 7a.




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